O Módulo de Serviço Europeu

 

A primeira fase da missão Artemis consiste na realização de uma viagem de teste não-tripulada da nave espacial Orion da NASA em torno da Lua. Se esta viagem for bem sucedida, numa fase posterior os astronautas terão a oportunidade de voltar a pisar o solo lunar. Mas esta missão só será possível graças ao Módulo de Serviço Europeu, concebido e construído pela ESA. O que é então o módulo de serviço de uma nave?

Trata-se do principal responsável pela energia e propulsão de uma nave espacial, que fornece todas as necessidades básicas à sua tripulação. Tal como uma locomotiva que puxa as carruagens com os seus passageiros, este componente da nave leva a cápsula com os seus astronautas até ao seu destino e depois regressa à Terra, separando-se do veículo antes da reentrada.

Figura 1. Imagem artística da Orion com o Módulo Espacial Europeu a orbitar a Lua.

A importância do módulo

O Módulo de Serviço Europeu – ou MSE – tem várias funções de importância vital para viagens espaciais tripuladas: permite o transporte de água, oxigénio e azoto necessários para tornar a cápsula Orion habitável e assegura que a nave se mantém na rota certa.

O MSE proporciona também a propulsão necessária da cápsula no Espaço para a realização de manobras de transferência orbital e de controlo da sua atitude. Para além disso, armazena energia elétrica e mantém a temperatura dos sistemas e componentes do veículo. Permite ainda o transporte de cargas não pressurizadas e de cargas úteis científicas. No final de cada missão ficará inutilizado e terá de ser descartado.

Como é constituído o MSE?

O Módulo de Serviço Europeu foi concebido com o propósito de enviar astronautas em missões espaciais de longo curso em direção a destinos distantes, para além da Lua e para a futura estação lunar Gateway . Para poder cumprir esta missão, o MSE foi desenhado conforme o esquema representado na Figura 2:

Figura 2. As funções dos principais componentes do MSE: sistema de propulsão, consumíveis, painéis solares, aviónica, sistema de controle térmico e da estrutura.

A missão Artemis I deverá durar cerca de 26 dias. Espera-se que a Orion demore cerca de uma semana a orbitar a Lua. Os 33 motores do MSE deverão manter a nave em curso e na melhor posição possível para poder receber a luz do Sol nos seus painéis solares com 7 metros de comprimento.

Detalhes técnicos

Antes do lançamento de cada missão lunar, o Módulo de Serviço Europeu deverá ter mais de 13.500 kg no total. Por sua vez, a nave Orion deverá ter uma massa superior a 20 toneladas. Assim, temos:

 

  • 8600 kg de propelente utilizável;

  • 240 kg de água potável;

  • 30 kg de nitrogénio;

  • 90 kg de oxigénio;

  • Volume de carga útil máximo de 0,57 metros cúbicos ;

  • Peso da carga até 380 kg

 

A imagem da Figura 3 mostra-nos o logo da ESA para o primeiro Módulo de Serviço Europeu, utilizado no primeiro voo da Orion.

Futuro risonho com a ESA

A criação do MSE tem sido um esforço verdadeiramente pan-europeu. Cerca de 26 empresas europeias foram recrutadas pelo principal contratante da ESA, a Airbus, para desenvolver e construir o módulo, que no total compreende mais de 20.000 peças e componentes. Desde equipamento eléctrico a motores, painéis solares, tanques de combustível e elementos de suporte de vida, as competências científicas e tecnológicas de classe mundial da Europa estão no centro desta missão. A ESA já tem mais 4 módulos de serviço prontos (ou quase) para as próximas missões da Orion e tem contratos em vigor para a construção de mais 2.

Figura 4. Em montagem na Airbus em Bremen, o MSE-2 é o motor da nave Orion que fará a sua primeira missão tripulada, Artemis II. Tem lançamento previsto para 2022.

Figura 5. A estrutura que levará a primeira mulher e o próximo homem à Lua na missão Artemis III chega ao hall de integração da Airbus em Bremen, na Alemanha.