Rendez-vous com o Cometa 67P / C-G MAL

   Rendez-vous com o Cometa 67P / C-G MAL




No dia 6 de agosto deu-se um primeiro passo de gigante no conhecimento sobre a formação do Sistema Solar: a sonda Rosetta chegou a 100 km do cometa 67P / C-G, marcando o começo da órbita em torno do cometa e o mapeamento da sua superfície, com uma precisão incomparável. A Rosetta continuará a aproximar-se até uma distância mínima de 2.5 km do núcleo do cometa, preparando o envio do módulo Philae para a sua superfície, a 11 de Novembro.

Já no passado, em 1986, a sonda Giotto (ESA) tinha conseguido um feito enorme, ao aproximar-se bastante de um outro cometa, Halley, ficando apenas a uma distância de 596 quilómetros do seu núcleo e em 1992, passou a menos de 200 km do cometa Grigg-Skjellerup.

Os cometas foram objeto de muita curiosidade desde sempre, sendo referenciados em gravuras, pinturas e na literatura; no imaginário popular são objeto de crenças como maus augúrios e presságios.

É conhecida a história do famoso romancista Mark Twain, que terá dito: “Eu cheguei com o cometa Halley em 1835. Ele retorna no próximo ano (1910), e eu espero ir com ele.”

Efetivamente o cometa Halley estava visível no céu no dia 30 de novembro de 1835, quando Twain nasceu; e a sua morte coincidiu com a aproximação do cometa Halley à Terra.

Mas o que é um cometa?

Pensa-se que a formação dos cometas date do mesmo tempo da formação do Sistema Solar, cerca de 4,6 mil milhões de anos. Serão compostos pelos mesmos aglomerados de poeira e gelo que se formaram aquando do nascimento do nosso Sol, e que deram origem também aos planetas. Podemos considerá-los pequenas cápsulas do tempo contendo material primordial do qual se terá formado o Sistema Solar.

De que é feito um cometa?

Um cometa é essencialmente constituído por gelo e poeiras. Mas através da análise espectral feita a vários cometas verifica-se a presença de diversas substâncias como água, dióxido de carbono, amónia, metano, silício e alguns metais. O núcleo pode ter vestígios de hidrocarbonetos. O facto de se ter verificado em 2006, na missão Stardust, que o cometa Wild 2 continha partículas ricas em matéria orgânica veio lançar a discussão sobre o papel dos cometas no aparecimento da vida na terra. A Rosetta irá clarificar as nossas expectativas sobre a constituição do Cometa 67P / C-G.

Porque é que os cometas têm cauda?

No seu ponto mais afastado do Sol, afélio, os cometas são normalmente blocos de poeira e gelo. Quando se aproximam do ponto mais perto do Sol, periélio, apresentam uma estrutura diferente: núcleo, coma e cauda. Além disso poderão estar envolvidos numa ampla e fina (escassa) nuvem de hidrogénio que se pode estender por milhões de quilómetros, chamada envelope.

Esta diferença de configuração é explicada pela aproximação ao Sol que provoca a sublimação dos gelos por aquecimento (mudança do estado sólido diretamente para o gasoso). Os gases e poeiras (vapor de água, monóxido de carbono, dióxido de carbono e outras partículas de pequenas dimensões) formam uma "atmosfera" em torno do núcleo chamada "coma". Os cometas também desenvolvem caudas de poeira e gás ionizado, mais ou menos extensas, quanto maior ou menor for a distância ao Sol. A cauda de poeira tem uma cor entre o branco e o amarelo porque é composta por pequenas partículas arrastadas da coma que refletem a luz solar. A cauda de plasma é formada por iões, por ação do vento solar.

Donde é que vêm os cometas?

A maioria dos cometas vem do limite exterior do nosso Sistema Solar chamada Nuvem de Oort que começa a 300 unidades astronómicas. São chamados cometas de longo período podendo levar 30 milhões de anos a orbitar o Sol. Outros provêm do interior do Sistema Solar de uma região chamada Cintura de Kuiper, que se encontra para lá da órbita de Neptuno. Estes cometas orbitam o Sol em menos de 200 anos, como o cometa Halley com um período de 76 anos.

Devido a interações com os planetas gigantes, nomeadamente Júpiter, alguns cometas vêm a sua órbita alterada. É o caso do cometa 67P / C-G que tem um período de 6,5 anos com uma trajetória elíptica que começa para lá de Júpiter e termina a cerca de 200 milhões de quilómetros do sol.

Qual o tamanho dos cometas?

Têm tamanhos muito variados, entre um a algumas dezenas de quilómetros mas as suas caudas podem estender-se por dezenas de milhões de quilómetros. O cometa 67P / C-G mede longitudinalmente cerca de 4 quilómetros.

Quantos cometas existem?

Não sabemos quantos cometas existem já que a maioria nunca foram vistos devido à sua difícil deteção. Desde 2010, os astrónomos descobriram cerca de 4.000 cometas no nosso Sistema Solar.

Porque é importante estudar os cometas?

Os cometas são considerados os blocos primitivos da construção do Sistema Solar e podem ter ajudado a “semear” a água na Terra, e talvez até os ingredientes da vida.

Qual a origem do nome da Missão Rosetta ?

A Pedra da Rosetta, descoberta em 1799, permitiu a compreensão dos hieróglifos egípcios, e Philae é o nome de uma ilha no rio Nilo onde se descobriu um obelisco que contribuiu para decifrar os hieróglifos de Rosetta.

Assim designou-se esta missão como Rosetta esperando que ajude a revelar e a compreender os mistérios do Sistema Solar.

Qual a importância da Missão Rosetta?

Pela primeira vez “orbitaremos” um cometa e acompanharemos a sua aproximação ao Sol, permitindo compreender as alterações da superfície do cometa e a sua atividade. Pela primeira vez temos um encontro marcado com um cometa e aterraremos na sua superfície, podendo colocar as “mãos na massa” explorando a sua composição química e a complexidade das moléculas que os constituem.

O que é que já aprendemos sobre este cometa?

Segundo a Agência Espacial Europeia a sua estranha forma é inesperada. A expectativa era de um bloco irregular mas único, e só nos próximos meses deveremos saber explicar a sua estrutura global. O cometa começou a revelar a sua personalidade enquanto a Rosetta fazia a aproximação. Imagens captadas pela câmara OSIRIS entre o final de abril e o início de junho mostraram que a sua atividade era variável. A ‘cabeleira’ do cometa – uma cobertura de gás e poeira – tornou-se rapidamente mais brilhante para depois morrer ao longo daquelas seis semanas.

No mesmo período, as primeiras medições feitas pelo instrumento de micro-ondas para o orbitador Rosetta, MIRO, sugeriram que o cometa estava a emitir vapor de água para o espaço a uma taxa de cerca de 300 mililitros por segundo.

Entretanto, o instrumento VIRTIS (Infrared Thermal Imaging Spectrometer) mediu a temperatura média do cometa, cerca de -70ºC, o que indica que a sua superfície é predominantemente escura e poeirenta em vez de limpa e gelada.

Estas são as imagens deslumbrantes tiradas pela sonda Rosetta a cerca de 100 km do cometa.  (imagens e vídeo)

E em Portugal? Como vivemos este momento histórico?

O ESERO Portugal organizou dois eventos para assinalar este momento histórico no Planetário Calouste Gulbenkian Ciência Viva e no Centro Ciência Viva de Constância.

E quanto ao futuro?

Além de todo o interesse científico que a acoplagem do modulo Philae irá despertar, iremos acompanhar todo o processo dando conta à comunidade de professores e alunos as noticias mais relevantes.

 




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