Conferência do ESO e entrevista a Hugo Messias

   Conferência do ESO e entrevista a Hugo Messias


A segunda imagem de sempre de um buraco negro supermassivo foi obtida por uma vasta equipa internacional de astrofísicos, à qual pertence o português Hugo Messias! Agora foi a vez de Sagittarius A*, que se encontra no centro da nossa Via Láctea.

Este feito histórico foi comunicado ao mundo no dia 12 de Maio às 14:00 (hora de Portugal Continental) na conferência de imprensa que decorreu na sede do Observatório Europeu do Sul (ESO) em Garching, na Alemanha. O Event Horizon Telescope (EHT) juntou-se ao ESO nesta iniciativa que teve como objetivo apresentar este e outros resultados inéditos das observações astronómicas realizadas pelo EHT nos últimos dois meses.

 

 

Figura 1. A fotografia da sombra do buraco negro supermassivo que se encontra no centro da nossa galáxia.

 

O evento foi acompanhado em direto aqui na nossa página do ESERO PT. Tivemos a oportunidade de fazer uma entrevista exclusiva e em direto a Hugo Messias, que já tinha integrado a equipa que obteve a primeira fotografia de sempre da ‘sombra’ de um buraco negro. Reveja toda a sessão aqui!

 

Comunicação das novas observações do EHT

Veja a gravação integral do evento aqui, incluindo a conferência de imprensa do ESO/EHT, a entrevista a Hugo Messias (a partir das 1:32:40) e a sessão de perguntas e respostas aberta ao público. Clique aqui para conhecer o painel de investigadores.

 

 

O Event Horizon Telescope

O EHT é uma rede global de radiotelescópios que se encontram instalados em diferentes partes do planeta. Através de interferometria, os dados obtidos por cada um deles são combinados como se juntos formassem um único telescópio gigante, com um diâmetro muito maior do que o de qualquer telescópio individual. Esta técnica de observação é frequentemente utilizada em astronomia e permite captar detalhes que mesmo os maiores telescópios atuais não conseguem resolver.

 

Figura 2. A rede mundial de telescópios do Event Horizon Telescope abrange 4 continentes.

 

Na Figura 2 podemos ver onde se encontra cada rede de radiotelescópios que trabalham no projeto EHT. Todos eles realizam observações independentes e juntam as informações em seguida, formando estudos únicos que nos ajudam a entender mais sobre o espaço dentro de uma linha de raciocínio mais lógica.

 

Da galáxia M87 ao centro da Via Láctea

Graças ao EHT, em 2019 foi possível obter a primeira ‘sombra’ - ou vestígios - de um buraco negro[1]. O objeto em questão tem cerca de 6.5 mil milhões de vezes a massa do nosso Sol(!) e encontra-se no centro da galáxia Messier 87, uma galáxia gigante elíptica muito distante, situada a 55 milhões de anos-luz da Terra.

 

Figura 3. Fotografia da ‘sombra’ do buraco negro da Messier 87.

Em Março deste ano, o EHT iniciou uma campanha de observação que durou dois meses – incluindo sete dias ininterruptos de observações astronómicas – com o objetivo de encontrar corpos celestes que contenham buracos negros supermassivos no seu interior.

Segundo as informações divulgadas, as oito estruturas responsáveis pela ‘fotografia’ do buraco negro da Messier 87 estiveram presentes nesta nova campanha. A estes juntaram-se outros três telescópios que se concentraram na análise de outras regiões do espectro, tendo em vista a obtenção de imagens ainda mais detalhadas deste objeto. 

Os 11 observatórios em questão operaram entre Março e Abril porque as condições climatéricas de cada região onde estas estruturas se encontram podem variar bastante ao longo do ano. Basta ver os casos de França, Antártida e Hawaii.

 

No entanto, durante estes dois meses específicos, a probabilidade destas cadeias de telescópios serem expostas a temperaturas muito diferentes é mais reduzida, o que evita que as observações encontrem “ruídos” que possam atrapalhar as leituras. 

Para além de continuar a estudar o buraco negro da galáxia Messier 87, esta campanha do EHT teve também como objetivo observar Sagittarius A*, o buraco negro supermassivo que se encontra no centro da nossa Via Láctea, a 25 mil anos-luz da Terra.

 

Figura 4. O centro da nossa galáxia observado na região do visível do espectro (a vermelho).

 

Sobrou ainda tempo para observar alguns buracos negros e quasares, outros objetos extremamente brilhantes, localizados a menos de 7 mil milhões de anos-luz de distância da Terra.

 

Quem é Hugo Messias?

Doutorado em Astronomia e Astrofísica pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), Hugo Messias é investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. Esteve envolvido no projeto do EHT que foi responsável pela obtenção da primeira evidência visual de um buraco negro, a 10 de Abril de 2019. Durante essa campanha de observações operou o ALMA, uma das melhores cadeias de radiotelescópios do mundo. No mesmo ano, foi galardoado com o prémio GQ Men of the Year, na categoria Ciência. Conheça melhor o nosso convidado neste artigo publicado pela Agência Espacial Portuguesa - Portugal Space.

 

Painel de investigadores

O Diretor-Geral do ESO abriu a sessão e depois seguiram-se breves intervenções do Diretor e do Presidente do Projeto EHT. O painel foi formado por investigadores do EHT, que explicaram os resultados e responderam às perguntas dos jornalistas. Este painel foi composto por:

  • Thomas Krichbaum, Instituto Max Planck de Radioastronomia, Alemanha

  • Sara Issaoun, Center for Astrophysics | Harvard & Smithsonian, EUA e Universidade de Radboud, Países Baixos

  • José L. Gómez, Instituto de Astrofísica de Andalucía (CSIC), Espanha

  • Christian Fromm, Universidade de Würzburg, Alemanha

  • Mariafelicia de Laurentis, Universidade de Nápoles “Federico II” e o Instituto Nacional de Física Nuclear (INFN), Itália 

 

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[1] Saiba mais sobre a ‘sombra’ de um buraco negro neste artigo.




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